"É doutor ou engenheiro?" Do outro lado da linha telefónica, a assistente de um secretário de Estado dispara a pergunta com naturalidade. "É importante saber para não ofender", justifica. Chamar um engenheiro de doutor é uma ofensa. Não chamar doutor a um doutor também. E, na redacção de um jornal, perdem-se cinco minutos de conversa a explicar que não há títulos, apenas nomes. Insistir em retirar o "Dr." e o "Eng." dá trabalho.
António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e, até agora, o único gestor que conseguiu chegar a administrador do Grupo Mello sem ter licenciatura, lembra as excepções. "A maior parte são self-made men, pessoas que subiram a pulso, mas que depois têm algumas necessidades. Não sabem ler balanços, por exemplo. Mas há os que, não tendo formação superior, têm empresas excelentes".
Também Rodrigo Costa, o presidente da comissão executiva da Zon, nunca parou de estudar mas fê-lo fora das universidades. Tal como Américo Fernandes, que há 20 anos é director-geral da gigante DHL, com o antigo sétimo ano do liceu (lidera 900 trabalhadores), ou Álvaro Oliveira de Faria, director-geral do SAS Institute Software, que deixou o colégio militar e a universidade, vendeu jornais em Paris e regressou a Lisboa para encontrar o seu lugar. Ver texto completo no Publico
1 comentário:
Ao contrário de outros países do velho continente, em Portugal, com o fim da monarquia, em 1910, os títulos nobiliárquicos praticamente desapareceram, dando lugar a outros, nomeadamente os títulos académicos, com o objectivo mais ou menos declarado de demonstrar autoridade e competência profissional a quem o usa. O próprio Governo não resistiu a esta tentação republicana e laica, como se pode ver no Elenco Governamental publicado em pdf na página web da Presidência de Conselho de Ministros, em que aparecem "Dr. Mestre em Direito", "Professor Doutor", etc
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