domingo

Comboio real português é vedeta em exposição na Holanda

 A composição formada pela locomotiva D. Luiz, o salão D. Maria Pia e a carruagem do príncipe D. Carlos I é uma das mais apreciadas no museu ferroviário de Utreque
Em tempo de crise é um luxo os holandeses despenderem milhões de euros para reunir em Utreque carruagens reais vindas de toda a Europa. Mas é precisamente de peças de luxo que se trata, quando se fala nas esplendorosos veículos onde reis, rainhas e príncipes viajaram sobre carris num tempo em que o comboio usava coroa e era o modo de transporte inovador, mais rápido e confortável.

Para a Holanda convergiram salões do século XIX, como a carruagem real da rainha Adelaide (1842), vinda de York (Inglaterra) e a do Império Austro-Húngaro (1858), que veio de Viena, ou ainda o salão do czar Alexandre (1870) que estava no museu ferroviário da Finlândia. Já do início do séc. XX podem ver-se os salões do príncipe Fernando (1910), que estava na República Checa, e o do rei dos belgas Alberto I (1912), bem como os veículos de Gustavo e Sílvia da Suécia (1930) e o do rei Boris III (1938) da Bulgária.

De Portugal as autoridades holandesas não pouparam esforços para recuperar o comboio real português que estava semiabandonado na secção museológica de Santarém. Inicialmente pensaram levar apenas o salão D. Maria I, mas ficaram deslumbrados com o conjunto da composição e pagaram 55 mil euros pela sua recuperação e uma pequena fortuna pelo seu transporte em quatro camiões TIR. O Museu Nacional Ferroviário ficou assim a ganhar um "novo" comboio real devidamente conservado. Quando regressar, integrará o espólio do museu do Entroncamento.

"A rainha Beatriz ficou impressionada com o comboio e deteve-se a vê-lo em pormenor, sobretudo o salão D. Maria I", disse ao PÚBLICO, Carlos Machado, engenheiro da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), responsável pelo transporte da composição até à Holanda.

A verdade é que só há dois comboios completos na exposição - o holandês e o português. O resto são carruagens reais isoladas. E também é verdade que a composição portuguesa forma um conjunto harmonioso. A locomotiva D. Luiz e o respectivo tender (veículo de apoio que transportava o carvão) é uma peça única, construída em 1862 para a Exposição Internacional de Londres, onde ganhou uma medalha de ouro.

Um inquérito de satisfação realizado junto dos visitantes (a exposição de Utreque foi inaugurada em Abril e decorre até 10 de Setembro) mostra que o salão D. Maria I, a par do de Anna Paulowna, da Holanda, e o do rei Gustav da Suécia, é a peça mais apreciada.

Por Carlos Cipriano in Publico

1 comentário:

Diamantino Patarata disse...

pois so os portugueses e que não dão valor aquilo que têm, e fica o património todo ao abandono... enfim são opções !!!